domingo, 15 de abril de 2007

Entrevista com Aldo Novak - O Tempo, o Segredo e Click

Fabiano Ferreira , do Jornal Diário Web, em sua editoria de Comportamento, entrevistou o coach Aldo Novak para um texto sobre "controle do tempo" (na verdade, referindo-se ao fato de que nossa vida parece cada vez mais veloz).

A matéria incluía aspectos dos filmes O Segredo e Click.





Abaixo, a entrevista com Aldo Novak



Rumo da vida
É possível controlar o tempo?

Fabiano Ferreira


Como seria seu comportamento se você pudesse voltar ou avançar no tempo? Mudaria muitas coisas em sua vida? Saiba o que especialistas dizem sobre o assunto.






DW - Podemos "acelerar" o tempo?

AN - Antes de responder, é melhor explicar que existem duas palavras diferentes para o tempo, em grego. Cada uma refere-se a um tipo de tempo.

A primeira é Kronos. Para os gregos, Kronos é o tempo real, seqüencial, que pode ser contado no relógio e tem base astronômica. A segunda forma de falar sobre o tempo, é usando a palavra Kairos. Os gregos usam Kairos, quando se referem à percepção da mudança de tempo e da qualidade das experiências dentro dessa percepção.

Então, podemos dizer que existem duas coisas diferentes, que recebem o mesmo nome em português: Kronos e Kairos. O primeiro é o tempo físico, real, mensurável e “inflexível”. O segundo é o tempo psicológico, também real, mas totalmente subjetivo e muito variável.

Dessa forma, 5 minutos em kronos são 5 minutos, mas quando pensamos em kairos estes mesmos 5 minutos podem parecer uma eternidade, ou podem passar muito rápido. Tudo depende da situação. Para um corredor das olimpíadas, por exemplo, meio segundo é um tempo enorme. Para as outras pessoas, é apenas um piscar de olhos. Kairos é assim: se estamos nos divertindo, passa rápido, mas se estamos olhando para o relógio, aguardando alguém, passa muito devagar.

Além disso, nossa mente costuma “apagar” aquilo que já conhece. Por isso, pessoas que têm exatamente a mesma rotina, vêem o tempo passar muito mais rápido do que as que tem vidas sem rotina, com novidades sempre.

DW - Então, podemos "acelerar" o tempo?

AN - Infelizmente, podemos sim. Não o tempo real, o “Kronos”, mas sim a percepção de tempo (kairos) pode ser muito acelerada. Se não tomarmos cuidado, acabamos como o personagem do filme “Click”, e a vida passa sem que nem notemos isso.


DW - Existem momentos em que devemos ponderar, esperar ao invés de investir tudo e apostar alto em mudanças?

AN - Bom, ponderar é algo que sempre devemos fazer. Mudar também é algo que sempre devemos fazer, porque o mundo muda, as pessoas mudam, e nós não podemos permanecer os mesmos. Mas o que não devemos fazer é mudar sem ponderar. As duas coisas precisam andar juntas, o tempo todo.

Mudar, só por mudar, não resolve problemas nem nos leva para a melhor solução. Temos que mudar para a direção certa. Para isso, precisamos ponderar sempre. De outro modo, vamos acabar trocando um conjunto de problemas por outro, talvez ainda pior.


DW - Como perceber as diferenças?

AN - Acho que a melhor maneira de percebermos as diferenças é sendo totalmente verdadeiros para com aquela imagem que encontramos no espelho, pela manhã. Diga para você mesmo exatamente o que você quer, faça as perguntas verdadeiras, para si mesmo, e escute as respostas.

Aos poucos, vamos aprendendo a perceber as diferenças.

DW - Pode-se dizer que existe um curso natural dos acontecimentos, pelo menos no que se refere a algumas situações?

AN - Sim. O filme “O Segredo”, embora não diga isso diretamente, é todo baseado no fato de que cada acontecimento, positivo ou negativo, tem um curso natural que pode ser iniciado consciente, ou inconscientemente. Portanto, usando técnicas de foco no lado positivo das situações, estamos dando largada a uma série de “cursos positivos” em nossa vida.

Todos os acontecimentos tem um começo, ou algo que gerou o inicio de tudo, um meio, ou seja os fatos que foram derivando do acontecimento original, e um fim, que é o resultado, positivo ou negativo, da nossa ação. Pensando assim, a gente pode ver que tudo o que acontece tem um curso natural.

DW - Como você acha que devemos lidar com o passado?

AN - Esquecendo as mágoas e lembrando das coisas boas.

Há pessoas que acreditam que devem revirar os problemas do passado todos os dias, para tentar “entender” o que aconteceu e, assim, evitar que aconteçam novamente. Isso teria lógica, se nós avaliássemos friamente os fatos do passado, mas infelizmente não é o que acontece.

O problema é que sempre que pensamos no passado, há um componente emocional nisso. Nossa mente sempre se lembra daquilo que gerou emoções, positivas ou negativas, em nós.

Ninguém se lembra de um farol de trânsito que fechou ou abriu, há dez anos, exceto se tiver havido um acidente, naquele farol, naquele dia, ou algo muito marcante.

O que quero dizer é que, se a gente ficar pensando demais no passado, vamos perder o presente e comprometer o futuro. Minha sugestão é: esqueça as dores do passado. Esqueça o passado ruim e lembre somente do que for bom.


DW - Dá para dar novos direcionamentos às nossas escolhas?

AN - A cada minuto estamos fazendo escolhas que definirão nosso destino, seja por ação ou por omissão.

Mesmo se tivermos tido um passado muito doloroso, podemos mudar a direção de nosso destino a partir de agora, neste instante, focando exclusivamente em nossas ações para criar resultados positivos, em nossa vida e na vida daqueles que estão conosco nessa vida.

DW - E como alterar as escolhas, quando elas já foram feitas, estão em curso, mas não atendem o que imaginamos?

AN - Se a escolhas erradas envolverem somente dinheiro, quanto mais cedo você mudar, menos dinheiro vai perder. Quando o caso é de dinheiro, mude já, sem dó.

Se as escolhas erradas envolverem suas próprias emoções, tente mudar aos poucos, devagar, para ir adaptando tudo ao seu novo curso de vida. Geralmente, não adianta nada mudar rápido demais. O importante não é a velocidade, mas a direção. Vá devagar, mas vá mudando.

Se as escolhas erradas envolverem outras pessoas, tente fazer com que elas entendam seu ponto de vista e mudem com você. Se isso não acontecer, tente tudo o que puder para causar o mínimo de estrago possível, mas se você não fizer nada, vai estar se enganando e enganando as outras pessoas. Todos perdem.

Mude, mas mude com muito cuidado, nessa situação. Você não está trocando de roupa.



Publicado em 14 de abril de 2007 no Diário Web

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